E aí pessoal, beleza? Nessa semana trago mais uma ótima entrevista! Confiram aí o papo que tive com o Edson Godoy!
1. Quando e como você começou a colecionar jogos/video games?
A coleção começou por volta de 1998, quando junto com um amigo, abri uma pequena loja de games usados. Nessa época comecei a adquirir jogos e consoles que tinha saudade e também os que eu gostaria de ter tido na época, mas que por uma razão ou outra, acabei não tendo. Dois anos depois encerrei as atividades da loja, e ao vender os jogos dela, acabei ficando com vários para mim. Foi aí que a coleção começou a ganhar força.
2. Possui algum jogo ou console da época de infância? Se sim, qual(is)?
Apenas alguns jogos de PC (da saga Star Wars). Dark Forces, Rebellion, Phantom Menace e Rebel Assault 2. Nos consoles, geralmente eu vendia um aparelho para poder comprar o outro, então não consegui manter nada da época. Até o ano passado eu ainda tinha o mesmo 3DO (FZ-10) da adolescência. Em 1997 vendi o aparelho a um parente e anos depois recomprei o mesmo. Mas ano passado a força do tempo fez o bichinho parar de funcionar. Daí comprei um FZ-1 em seu lugar.
3. Tem alguma história legal ou engraçada dessa época? Se sim, nos conte um pouco.
A história de como eu consegui o meu 3DO é interessante. Eu adorava o Mega Drive. Em determinado momento, consegui ter o Mega Drive e o Super Nintendo. Mas daí veio o Sega CD e eu fiquei doido para ter um. Vendi o Super Nintendo e comprei o Sega CD. Tempos depois, saiu o 32X e comprei também. Estava bem satisfeito com o “megazord” e não pretendia investir em outro console de 32bit tão cedo. Eis que um grande amigo meu pediu meu console emprestado e em troca ofereceu o 3DO dele para eu ter algo para jogar. E não é que dias depois roubaram a casa dele e levaram meu combo de Mega + Sega CD + 32X? Junto com uma case cheia de CD’s. Para me compensar, meu amigo deixou o 3DO dele comigo. Apesar da tristeza de ter perdido meu adorado combo da SEGA, rapidinho me apaixonei pelo 3DO. Lástima para o meu amigo, que acabou ficando sem nenhum console. Mas isso durou pouco, pois alguns meses depois ele comprou um Playstation.
4. Você tem preferência por alguma plataforma ou gênero de jogo?
Gosto de videogames no geral. Dificilmente eu chego a não gostar de uma plataforma. Existem alguns consoles que eu acabo pegando uma certa “birra” em razão de problemas dos mesmos. Um exemplo é o Cougar Boy. A baixa qualidade da tela dele torna o console um problema ao invés de uma diversão. E o pior: ainda não se conhece forma de substituir a bendita tela. Já quanto ao gênero de jogo, gosto muito de beat’n ups, jogos de estratégia e tiro em primeira pessoa. Mas jogo de tudo. De jogos de esporte a RPG’s, apesar de que este último eu raramente me aventuro a jogar pela simples falta de tempo. Acabo optando por jogos menos imersivos, para poder dar atenção a um maior número de jogos. Sei que assim perco a chance de vivenciar grandes jogos, mas hoje não tenho outra alternativa.
5. Quais são as suas franquias favoritas?
Gosto muito de jogos baseados em filmes que curto. Um exemplo são os jogos da franquia Alien. Não perco um. Mesma coisa com jogos baseados em Star Wars. De franquias tradicionais, gosto muito de Halo, os Call of Duty e Medal of Honor da vida quando focavam na segunda guerra mundial (um período da história que tenho bastante interesse), franquias de beat’n ups como Streets of Rage e Golden Axe (que infelizmente foram praticamente esquecidas), a série Civilization, uma das melhoras do gênero estratégia. Com certeza tem várias outras, mas essas são as que vieram de imediato à cabeça.
6. E quais você não suporta?
Sinceramente acho que nenhuma… O que eu não gosto, seja em jogo de franquia ou não, é aquele que eu não consigo jogar. Exemplo: jogos que saíram apenas em japonês e que o conhecimento da língua é obrigatório para conseguir curtir o game.
7. Qual é o seu vídeo game favorito?
Outra pergunta difícil (risos). Gosto muito de vários. Da época da infância e adolescência, meus favoritos foram o NES, Mega Drive, Sega CD e 3DO. De eras mais modernas, gosto muito do Xbox clássico e do Xbox 360. E em termos de colecionismo, meu preferido é o Atari Jaguar.
8. Costuma comprar mais de um modelo do mesmo console? Se sim, quais você possui?
Já tive esse hábito. Com o tempo, o espaço começa a faltar e as prioridades vão surgindo. Percebi que tinha muito mais prazer em colecionar os jogos do que os consoles e suas variações. Então comecei a ter apenas um modelo de cada sistema, para me possibilitar rodar toda a biblioteca de jogos. Hoje são raros os casos em que tenho mais de um modelo do mesmo console. Salvo engano apenas dois mega drives desses últimos da Tectoy (com um monte de jogo na memória) e dois Master Systems da mesma época que se encaixam nessa descrição, sendo que já possuía um JVC X’Eye (que é o meu Mega Drive / Sega CD) e um Master System japonês e o Power Base Converter para usar jogos de Master no Mega.
9. Tem preferência por jogos completos ou não liga para isso?
Preferência total. Sou daqueles que quando tem algum jogo incompleto na coleção, completar ele passa a ser a prioridade número 1 (risos). Lembrando até de um episódio que você fez em seu canal no YouTube, considero completo o jogo que tiver caixa, manual e algum item extra específico (um mapa, um boneco, etc.). Aqueles panfletos e avisos eu até nem ligo que esteja faltando. Se tiver, melhor. Se não tiver, não tem tanto problema.
10. Na ausência de algum jogo em inglês, você compra a versão japonesa?
Compro. Mas minha preferência total é pelos jogos em versão americana ou não existindo, europeia ou brasileira. Jogo japonês para mim é sempre por exclusão, seja por não existir outra versão, seja pelo fato de a versão japonesa custar muito menos e a língua não prejudicar a jogabilidade do jogo.
11. O que pensa sobre relabel e réplicas de caixas e manuais?
Acho legal a existência deles, porém dentro de certos limites. Infelizmente vivemos em um país em que ser “espertão” e passar a perna nos outros é algo comum demais. Então acho interessante que as pessoas que trabalham com esse tipo de item, no momento da fabricação, criem logos ou marcas específicas indicando que o produto em questão se trata de uma reprodução. Isso evita que pessoas mal-intencionadas se aproveitem disso para enganar os outros.
Para a minha coleção eu quase nunca recorro a esse tipo de produto, pois são tantos os jogos que busco e procuro que acaba não sobrando muito tempo (e dinheiro) para gastar com esse tipo de item.
12. E sobre jogos piratas e hacks?
Jogos piratas eram, nos tempos de infância e adolescência, quase uma necessidade. Muitas vezes não só pela questão de valor dos jogos, que por óbvio eram infinitamente mais baratos em suas versões piratas, mas também pelo fato de que determinados itens era praticamente impossível encontrar o item original por aqui. Jogos de NES mesmo, na minha cidade natal (Campo Grande/MS) ou se comprava os cartuchos e consoles clone ou mesmo 100% piratas, ou você jamais teria a chance de jogar determinado jogo. Lembro que quando saiu Teenage Mutant Ninja Turtle II: The Arcade Game eu saí igual um alucinado pela cidade tentando encontrar um cartucho desses. Ficava doido com o jogo nos fliperamas e quando vi ele na revista disponível para o Nintendo, sabia que precisava de um desses. Depois de procurar muito, o único cartucho disponível do jogo era pirata.
Já em relação aos hacks, ainda é um segmento que não atraiu meu interesse. Acho que é parecido com o que eu disse com relação aos repros: existem tantos jogos oficiais que quero jogar que fica difícil dividir a atenção com os hacks.
13. Em grandes promoções, você compra jogos em mídia digital?
Raramente. Recorro a mídia digital em apenas uma situação: quando quero um jogo que não saiu em mídia física. Infelizmente isso é cada vez mais comum, então a tendência é que cada vez mais eu entre nesse mundo.
14. Você costuma jogar no PC?
Muito pouco. Recentemente bateu saudade de um game do Star Wars que joguei muito na vida, o Star Wars Rebellion. Daí fui no GoG e comprei a versão digital dele e joguei umas 20 horas em um período de uma semana mais ou menos. Mas entre jogar no PC e no console, escolho o console sem sombra de dúvida.
15. Já aconteceu de pegar alguma versão de jogo para PC e gostar mais do que a versão para console? Se sim, qual?
Posso responder essa pergunta me baseando apenas no passado, pois no presente eu praticamente não jogo nada em PC’s. Lembro do primeiro jogo da série Civilization no PC. O jogo é um game de estratégia fantástico. Tempos depois saiu a versão para Super Nintendo. Em comparação com a do PC, o jogo era horrível.
16. Tem algum jogo (ou console) que você ambiciona ter mas ainda não possui? Se sim, qual(is)?
Tem sim… Vários (risos). Cito dois: PC Engine Supergrafx e o Vectrex.
17. Qual foi o seu maior achado?
Nesses anos todos de colecionismo foram vários. Os que mais me marcaram foram duas vezes que encontrei lojas super obscuras de games, lotados de jogos e consoles antigos encalhados nas prateleiras, tudo novo. Negociei um preço pra lá de especial em tudo e fiz a festa. O engraçado é que direto sonho que isso acontece de novo. Quando tenho, é daqueles sonhos que me fazem acordar mais feliz (risos).
18. Como você controla os gastos com jogos?
Essa é uma tarefa extremamente difícil para quem coleciona. Se juntar então colecionismo com a falta de disciplina financeira, pode ser fatal. Para piorar não sou muito disciplinado nisso não. Quem mais controla essa parte é minha esposa, que é um ótimo freio para segurar meus ímpetos consumistas (risos).
19. Já aconteceu de algum jogo ou vídeo game seu pifar? Como você se sente em relação a vida útil de consoles antigos, que tende a diminuir cada ano mais?
Isso acontece com mais frequência do que se imagina. Mesmo com todo o cuidado do mundo, estamos falando de aparelhos eletrônicos com 15… 20… 30 anos de vida! Por sorte conheço um técnico muito bom, especializado em retrogames, que também é colecionador, o Fernando Santos, que já salvou vários consoles meus. Uma dica importante é não deixar o aparelho parado por muito tempo. Se não puder jogar, ligue-o ao menos uma vez por uma meia hora num período de dois meses. Isso ajuda a manter os componentes eletrônicos sadios. É importante também cuidar dos locais onde eles ficam armazenados, de forma a evitar poeira, umidade, maresia e outros elementos prejudiciais.
20. Já se desfez de algum jogo e se arrependeu depois?
Praticamente todas as vezes que me desfiz de um jogo que não era repetido em minha coleção eu me arrependi depois (risos). Hoje evito ao máximo repetir esse erro.
21. O que a sua família e amigos pensam desse seu hobby?
No geral não há apoio em relação a isso, né? Dificilmente você verá um colecionador de videogames sendo aplaudido pela família por isso. Mas a explicação é simples: isso geralmente gera algum tipo de transtorno e acredito que dois são os principais: dinheiro, pois é um hobby que exige investimento financeiro, e também espaço físico, pois quem coleciona sabe o quanto de espaço os videogames e seus jogos ocupam em uma casa. Mas além dessas duas situações, existem também casos de preconceito, baseados naquela mentalidade ultrapassada de que videogame é coisa de criança. Vejo que isso é cada vez menos frequente, mas ainda existe.
22. Que dicas você dá para quem está entrando no mundo do colecionismo recentemente?
Acho que é legal a pessoa ter um foco e ir criando objetivos para a coleção. Sempre que um objetivo desses for atingido, o prazer do colecionador será ainda maior e o possibilitará criar novos objetivos caso sinta necessidade. Também é fundamental ter paciência. Não sair comprando tudo o que vê pela frente, principalmente em razão dos preços variarem muito. É importante criar uma rede de contato com outros colecionadores e também criar o hábito de garimpar, tanto na internet como em lojas especializadas. Aliás, esse garimpo é extremamente divertido.
23. Como surgiu a ideia do VGDB? Fale um pouco deste projeto.
A ideia surgiu há bastante tempo. Sempre gostei muito de bancos de dados. Em relação à minha coleção mesmo, eu tenho um banco de dados para que eu consiga saber facilmente os jogos que tenho, evitando comprar repetidos e também para saber a condição do jogo que tenho, para sair a busca de uma versão mais completa ou em melhor estado. Foi então que durante os garimpos em busca de jogos, em especial os mais obscuros, eu percebi que faltava na internet um banco de dados em português sobre videogames. Mais ainda: percebi que mesmo os bancos existentes em outras línguas falhavam em alguns pontos que eu considerava fundamentais. Essa lacuna existente fez com que eu amadurecesse o projeto, que finalmente começou a sair do papel em abril de 2014, quando fui convidado a escrever uma coluna sobre games no site Campo Grande News. O site então foi inaugurado em dezembro de 2014 e hoje já conta com quase 2700 jogos cadastrados, com um incontável número de fotos e mais de mil vídeos disponíveis.
A ideia do site é criar um museu virtual do videogame, com conteúdo todo em português, trazendo muitas fotos do jogo em si (caixa, manual, mídia, etc.), vídeos do jogo e também informações como região de lançamento e para quais consoles aquele jogo foi lançado, que são coisas que considero de grande importância em especial para os colecionadores.
24. Como funciona a alimentação de dados do VGDB? Você possui todos os jogos que estão lá?
O trabalho de alimentação hoje é totalmente feito por mim. Temos um projeto maior, com a criação de um grupo para realizar essa alimentação, o que ocorrerá no momento oportuno. Por ser hoje um trabalho de um homem só e sendo algo que demanda muito tempo, a alimentação ocorre de maneira gradativa. Considerando que em um período de um ano o site já conta com quase 2700 jogos cadastrados, acredito que o ritmo de alimentação esteja satisfatório dentro das atuais condições.
A base inicial do banco de dados do VGDB é sem dúvida a minha coleção. Porém, para dar mais dinamismo ao trabalho de alimentação, além dos jogos da minha coleção, também estão alimentados lá jogos que ainda não possuo. Até porque, uma das prioridades do site é disponibilizar listas completas de jogos lançados para os consoles e para isso apenas a minha coleção não basta. A diferença é que quando cadastro um jogo da minha coleção, o conteúdo do mesmo estará mais completo no site: mais fotos, mais detalhes e ao menos um vídeo autoral do jogo em andamento. Deixo aqui o convite ao leitor para conhecer nosso projeto: www.vgdb.com.br
25. Outros colecionadores podem contribuir para a base de dados do VGDB?
Sem dúvida. Aliás, uma das coisas que mais desejo é que a comunidade gamer brasileira abrace o projeto. Já recebemos diversos materiais de outros colecionadores e entusiastas dos games e todos já estão cadastrados lá, com o devido crédito ao criador do conteúdo. Também temos diversas parcerias com outros sites e canais no YouTube, que ajudam muito não só na criação de conteúdo, mas também na divulgação do projeto. Portanto amigos colecionadores, caso tenha algum material (foto, vídeo, texto, etc.) que deseje publicar no VGDB, basta enviar um email pra gente: contato@vgdb.com.br que ajustaremos o formato ao site e publicaremos com os devidos créditos a você.
26. Você tem problema com espaço físico para armazenar seus jogos e vídeo games? Como você administra isso em relação aos itens que vai inserindo no VGDB?
Muito problema. Aliás, hoje eu diria que esse é meu maior problema. Minha prioridade para 2016 é criar um Game Room apropriado para a coleção. Isso vai facilitar a minha vida em diversos aspectos, inclusive no tocante aos itens inseridos no VGDB, pois muitas vezes tenho que fazer malabarismos aqui para localizar determinados itens (risos).
27. Você possui algum outro site onde divulga seu trabalhou e/ou sua coleção? Se sim, deixe o link para nossos leitores conhecerem! 🙂
Sim! Colaboro com alguns sites e tenho alguns canais que são braços do VGDB.
– Tenho a coluna de games que mencionei no site Campo Grande News, com novos textos todas as terças e quintas-feiras: http://www.campograndenews.com.br/lado-b/games
– Escrevo matérias também para o blog Kapoow: http://gamehall.uol.com.br/kapoow/
– O VGDB possui um canal no YouTube, que além de servir de host para os vídeos com gameplay dos jogos do banco de dados do site, também possui dois programas que criamos: o Video Game Data Show, programa de curiosidades gamers, e o VGDB no Ar!, uma mistura de talk-show web com hangout, que rola uma vez por mês e tem sempre um console específico como tema: https://www.youtube.com/user/vgdbbr
– Temos também a fanpage no facebook: https://www.facebook.com/videogamedatabase e página no twitter: https://twitter.com/VGDBbr
– Quase todas as terças eu participo de um hangout do meu amigo Brazucagamer, chamado de Colecionadores BR: https://www.youtube.com/user/brazucagamer
Fotógrafo: Miguel Toninato
Anika, muito legal bater esse papo contigo. Obrigado pela oportunidade de contar algumas histórias e também expor um pouco do meu trabalho com os games.
Gostei muito da entrevista, Anika. Parabéns pelo trabalho.
Muito legal esse projeto VGDB, eu não conhecia. Achei legal para consultar jogos que eu adorava na infância mas não faço idéia do nome. Antigamente nós só alugávamos fitas, não tinhamos dinheiro para comprar, muitas eram em japonês e mal sabíamos o nome do jogo, era olhar o cartucho, gostar do deseinho do adesivo da fita e alugar, sem nem saber do que se tratava haha. Parabéns pelo projeto Edson! Isso será uma biblioteca maravilhosa para as gerações futuras (:
Valeu Corine! A ideia é essa mesma: possibilitar uma fonte de consulta rica e segura, em português, para que os gamers daqui tenham mais facilidade em obter informações como essa de descobrir o nome de um jogo querido. Fica aqui meu convite pra ti, caso queira publicar algum conteúdo gamer no VGDB. Um grande abraço!